Dádiva do Nilo


Ela é uma dádiva do Nilo
que apareceu para irrigar
meu coração e alimentar
com novo fruto a minha vida.

Fruto raro, de sabor singular,
que não dá em qualquer lugar
nem em toda estação do ano.
E que não deve ficar escondido
sob qualquer pano.

Amadurece se enrolado sob
a mais pura seda,
pois não resiste a nada que
não tenha um pouco de beleza.

Pele macia como pêssego,
olhar doce como mel,
sensual tal qual morangos silvestres,
tentadora como as uvas do Olimpo.

Assim é ela,
menina, mulher,
Amada, amante.

Deusa dos meus desejos mais secretos,
das saciedades incontidas.
Dona das minhas vontades,
rainha dos meus pensamentos.

Saborear-te requer um talento
sem igual, como um artista
que com destreza utiliza
o pincel para pintar-te.

Não pode ter pressa,
não pode ter entraves.
As papilas precisam de liberdade
para sentir-te em totalidade.

Sentir-te-ei em mim
a cada instante,
mas nada menos do que
a eternidade.



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