Golpe de florete

Eu estava ali ,quieta no meu canto.
Não havia vazio, tristeza nem pranto.
Quando dei por mim,
Você surgiu sem avisar,
veio de mansinho
e parecia querer tomar lugar.

Abri a porta, baixei a guarda.
Te disse: "faça morada".
De esperança se encheu meu coração.
Os dias ganharam novas cores,
sabores, aromas e a emoção se fez canção.

Sonhei em tê-la minha amada,
e agora só me restou o frio nada.
Me despi de mim mesma,
buscando um sinal, uma certeza.

Enganei minha carência
tentando uma aderência que não existia
Tudo não passou de ilusão.
E aqui estou eu com o coração na mão.

Sei que você também sentia,
mas negou enquanto pôde.
Chegou na porta do avião
e não teve coragem de saltar.

Se furtou a uma felicidade,
um universo sem maldade,
em que não haveria saudade,
apenas cumplicidade.

Agora, volto à minha viagem
sozinha e solitária, procurando
algo ou alguém que não me corte
como a navalha.

Dispenso do caminho o joguete.
Não quero mais sentir a
ponta fria do florete que
me acerta a costela de macete.


Comentários