Fui prestigiar o lançamento do
livro de uma amiga. Estava no salão principal do museu onde acontecia o evento
bem despretensiosa. Tinha levado um amigo a tira colo, apenas para me fazer
companhia enquanto a autora distribuía sorrisos e autógrafos nos exemplares do
público. Não havia muita gente, o que tornava possível circular livremente pelo
salão e admirar as obras ali expostas.
De repente, enquanto meus olhos
percorriam o ambiente, sem querer notei dois olhos castanhos vivos que me acompanhavam
discretamente. Resolvi parar e, mui discretamente também, me pus a observar o rosto
que os abrigava. Torneada por pesados cabelos ondulados, aquele rosto era algo
além de belo, era de uma beleza singela, ímpar mesmo. Uma pele morena e lábios
bem desenhados encerravam o ornamento divinal. Aparentava vinte e poucos anos,
mas era de uma atitude rara de se encontrar em jovens dessa idade.
Quando novamente nossos olhos se
encontraram, fui agraciada com um lindo sorriso e um baixar de cabeça na
intenção de fugir ao meu olhar, tanto que foi tomada pela vergonha – ou simplesmente
era uma atitude de alguém dotada de profunda timidez. Afinal, ela estava
rodeada de amigos e colegas de trabalho e era muito discreta em seus sinais de
paquera ou romances furtivos.
Resolvi afastar-me e mudar o
ângulo de visão para ter certeza de que aquela situação era mesmo comigo e não
com o rapaz alto e bonito que estava atrás de mim e que também podia vê-la como
eu. Suavemente fui girando no salão buscando aqueles olhos novamente. De
repente, me vi pedindo desculpas a uma pessoa devido a um esbarrão totalmente
desnecessário. Quando dei por mim, não apenas encontrei aqueles olhos furtivos,
mas todo o corpo de que ele compunha tinha vindo ao meu encontro. Nossa!
Filmei-a de cima a baixo, e
voltei a vista no mesmo trajeto. Estatura mediana, corpo esbelto, trajando um
conjunto de blusa vermelha e saia preta que lhe torneava a silhueta com
perfeita elegância, nos pés um scarpin
preto realçava-lhe as pernas bem feitas. Não parecia afeita a academias de
ginástica, apesar do corpo perfeito.
Vendo que fiquei toda sem jeito
devido ao esbarrão, ela presenteou-me com seu melhor sorriso e estendeu a mão,
apresentando-se. Retribuí ao gesto com um aperto de mãos e um sorriso meio
amarelo, ainda por estar sem saber como agir naquela situação inusitada.
Conversamos por um longo tempo,
e não demorou de vir o convite para um drinque fora dali. Aceitei de imediato e
saímos à francesa, sem que ninguém desse por nossa ausência. Seguimos para um
barzinho bem bacana próximo ao museu.
Depois de alguns drinques bem
moderninhos, chegou a hora de irmos embora. “Já vamos nos despedir assim tão
rápido?”, pensei com meus botões. Imediatamente a convidei para um cafezinho no
meu apartamento. Tão resoluta de si mesma, ela prontamente aceitou o convite. Subimos
para o meu cantinho particular, para onde não costumo levar desconhecidas. Mas
ela era diferente. Havia um ar de segurança e confiabilidade nela.
Inexplicável.
Estava na cozinha botando a
chaleira no fogo quando, de repente, senti aquelas mãos deslizando pelas minhas
costas de uma forma tão delicada que não tive outra opção. Virei-me, olhei intimamente
aqueles lindos olhos castanhos e a beijei. Um beijo quente, ávido, como se
fosse costumeiro entre nós. Uma maravilhosa sensação de já conhecer o sabor daqueles
lábios carnudos e deliciosos.
Resolvemos deixar o café para
outro momento e retomamos os beijos sôfregos, íntimos, ardentes. Paramos
primeiro no sofá da sala. Ela se permitia ser conduzida. Beijava e mordiscava
seu pescoço, fazendo seu corpo pequeno arrepiar por inteiro. Fiz dela um delicioso
sorvete de massa macia, que eu podia lamber sem medo. Nessa baila acabamos
chegando em minha suíte.
Qual não foi a minha surpresa ao
ver o jogo mudar. Ela tomou as rédeas da situação e quem virou o brinquedo dela
fui eu.
Ela começou a me despir. Quando
dei por mim, ela estava entre as minhas pernas mordiscando minhas coxas. Estava
enlouquecendo com a cena. E aquela deliciosa tortura continuava. “Quero que você
goze na minha boca”, ordenou gentilmente. “Sério?”, perguntei incrédula, quase
sem voz.
Com o olhar mais faceiro que já
vi, ela acenou com a cabeça e começou a me beijar profundamente. Minha única
reação era me contorcer como uma serpente atracada ao jantar e gemer, alternando
entre gritos e sussurros.
Agarrava aqueles cabelos
ondulados com as duas mãos e tentava puxá-la para cima, num esforço vão. Por
pura maldade e já sentindo que o momento era propício ela introduziu vagarosamente
dois dedos e começou um movimento de vai e vem, até que eu não suportei e
deixei vir o mais intenso gozo que já tive na vida. Uma intensidade tão forte
que eu só pude mesmo deixar acontecer até o final. Foram os minutos mais
maravilhosos dos últimos meses de solidão.
Lançando um largo sorriso de
satisfação e alegria, ela subiu beijando meu corpo e deitou-se sobre mim.
Esperando que eu me acalmasse, ela acariciava meu rosto e meus cabelos. Nesse embalo,
acabamos adormecendo e acordamos com o raiar do dia mais lindo do ano!
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