Colegas de trabalho


           
          Eu havia começado a trabalhar fixo numa empresa na nova cidade para onde eu havia me mudado após a última separação. O local era bastante movimentado, com gente entrando e saindo o tempo todo. De cara, fui bem recebida por todos os outros colegas, dos mais diferentes setores. Gente de todo tipo dava seu suor pelo crescimento do local, que era adorado pelos clientes. O ambiente era mesmo aconchegante, com decoração bem jovial.
Mas, no meio desse mundo de gente, uma em especial me chamou a atenção. De cara pela forte semelhança nos traços com minha ex: pele morena, boca carnuda, ar de mistério e um sorriso encantador. A diferença estava em que esta, pouca simpatia doava num primeiro contato. Era uma figura bastante peculiar, devo admitir, daquelas que quanto mais você observa, mais intrigado fica. Enfim.
Os dias foram passando na mais tranquila calmaria. A figura foi se aproximando. Sempre perguntando coisas a respeito de como era o meu trabalho. Fui ganhando sua confiança pouco a pouco. Não demorou para que nos tornássemos confidentes na praça de alimentação da empresa. Contei-lhe do meu último relacionamento e como ele havia terminado de forma traumática. Ela, curiosa, me ouvia atentamente. Vez por outra me interrompia para soltar comentários do tipo “que mina louca”, “se fosse eu no lugar dela, não deixaria você”. Eu levava os comentários como mera opinião de quem se compadece com um coração covardemente partido. Nada além.
Numa dessas sextas-feiras perdidas no calendário, resolvi quebrar o protocolo e fazer um happy hour em casa. Convidei alguns amigos e o pessoal mais próximo do trabalho, claro que ela no meio. A festinha correu bem. Servi um belo jantar preparado com afinco para todos, à base da culinária baiana, que é uma paixão em particular. Logo percebi que minha amiguinha já ia meio alta por conta da mistura de bebidas, o que – segundo ela – não era de seu costume.
Apesar de aconchegante, moro numa casa pequena, de apenas dois quartos, dos quais transformei um em escritório. Os convidados começaram a se despedir e, preocupada com o estado dela, fiz com que permanecesse, mostrando-lhe minha pequena biblioteca. Ela ainda tentou pegar carona com um dos rapazes do escritório, mas não o senti muito cordial com a possível responsabilidade. Portanto, disse-lhe que não se preocupasse, que eu levaria para casa em segurança.
Assim que todos foram finalmente embora, a pobre havia adormecido debruçada no braço do sofá. Levantei-a cautelosamente e a levei para o meu quarto. Com cuidado, tirei seu vestido, vesti-lhe uma camiseta larga que eu adoro e deitei-a no lado oposto ao meu, cobrindo-a com o lençol. Fui me ajeitar e, suavemente, tomei meu lugar na cama.
Confesso que não resisti à tentação de vê-la ali, indefesa, dormindo como um pequeno anjo. Uma cena que demorei ainda alguns minutos a fotografar na memória: aquele rosto de traços fortes, escondia uma linda menina doce, que dormia tranquilamente, como se nada mais importasse ou fizesse diferença no mundo. Deixei Morfeu se aproximar e adormeci.
De repente, desperto como num susto, sentindo uma mão me acariciando a cintura, percorrendo as minhas curvas. Tento abrir os olhos e sinto uma língua quente lambendo e abocanhando meu pescoço. Ela me puxava para si e começava a roçar seu corpo no meu. Não nego que aquilo foi me excitando de um jeito absurdo. Virei-me para ela e nos beijamos.
Suspendi seus braços e finalmente fitei aqueles olhos de turmalina ávidos por amor. “Me faz tua”, ela pediu. “Faz tempo que não paro de desejar você”, revelou. Soltei-lhe um sorriso bem maroto e fiz amor como ela jamais pensou em receber. Toquei cada parte do seu pequeno corpo de uma forma tão única, que ela mesma se surpreendeu com o que sentia. E sempre pedia mais e mais. Fizemos amor por toda a madrugada, até os primeiros raios de sol penetrarem o quarto pelas frestas da janela. Finalmente adormecemos entrelaçadas.
Acordei meio atordoada, com aquela rápida sensação de ter vivido um delicioso sonho, quando percebi que estava presa em seu abraço aconchegante. Alisei-lhe as costas com muito carinho, sem querer acordar aquele lindo anjo. Levantei e fui para a cozinha preparar o café da manhã. Preparei a bandeja com o café, torradas, suco de laranja, geleia e umas flores que tinha guardado. “Bom dia, princesa”, aproximei-me da cama. “Hummmm....bom dia”, ela espreguiçava. “Isso tudo pra mim? Sério?”, surpreendeu-se. “Claro, meu anjo. Fiz especialmente pra você”, disse. “Desse jeito eu posso me acostumar muito mal, sabia?”, ela sorriu ajeitando-se para comer.
Passamos o fim de semana mais maravilhosos de nossas vidas. Tive a impressão de ter vivido em apenas um fim de semana o melhor relacionamento da minha vida. Ela me surpreendeu muito, mostrando um lado doce, brincalhão e amoroso. Se vamos firmar a relação? Ainda é cedo pra saber. Melhor deixar como está: vivendo sem grandes expectativas.




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