Acordei disposta a arrumar as malas
Fazer uma faxina e colocar para fora aquilo que não mais me
serve.
Separei roupas, sapatos, discos, músicas e lembranças.
Tudo aquilo que a mim já não alcança e que se tornou em
apenas peso morto.
Perfumes, lugares, fotografias.
Tudo o que fez sentido um dia, mas agora já não mexe comigo.
Culpas, mentiras, dores e dissabores,
Juntavam em mim apenas bolores.
Percebi que de nada servia continuar arrastando tanto
volume,
Tesão, vontade e ciúme.
Nada disso serve nem ao curtume.
Mudei hábitos, adquiri novos costumes.
Refiz minhas malas, caixas e caixotes.
Rearrumei prioridades, valores, sentimentos.
Mandei embora o que eram apenas tormentos.
Reorganizei meu exterior, por dentro.
Rumo a novas oportunidades não convém esperar
Por quem perdeu o tempo e de fato não vem.
Não posso deixar a idade chegar e somente a solidão
Ter por companhia.
São novos rumos, novas ruas, novos eus
Não há mais espaço para fracassos ou breus.
A luz precisa se expandir.
Por isso, deixe-me ir.
Sair, andar, correr.
Sentir o vento bater e o mar meus pés lavar.
Yemanjá vai se ocupar de todo o mal levar
E para as trevas jamais voltar.
Vamos adiante.
Nas malas apenas o que for leve e radiante.
Amizade, carinho, compaixão.
Piedade, respeito e o novo tesão pela vida.
Nariz empinado, peito estufado.
Pose de vencedor.
Uma águia altaneira que voa sem limites
Superando obstáculos, estalactites e estalagmites.
O que importa é que
não mais passarei pela mesma porta.
Seguirei meu mapa, minha bússola tem outro norte.
Que seja acaso ou sorte, sigo em frente, cada vez mais
forte.
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