Uma reflexão para a vida

Hoje eu venho aqui neste nosso espaço para lançar uma reflexão sobre questões da vida amorosa. Não é fácil, mas é necessário, expor isso aqui e agora. Sei que muitas irão me julgar fria, besta, insensível ou muito apaixonada por quem não merece. E está tudo certo. Cada uma usa uma régua para mensurar o mundo que a cerca. Mas, vamos aos fatos.

Quem conhece a minha história sabe que 2018 não foi um ano fácil para mim. Me considero mesmo uma sobrevivente deste ano nefasto. Ele começou bem: conheci minha namorada, dias depois recebi um emprego de carteira assinada e com todos os direitos garantidos e na minha área de graduação – o que anda muito raro no mercado atual. Porém, mal eu sabia quantas desagradáveis surpresas me aguardavam nas esquinas da vida.

No dia do meu aniversário minha mãe caiu doente. Teve uma forte crise de enxaqueca. Como esse era um quadro normal, levaram-na para o hospital como sendo uma crise corriqueira. Mal sabíamos que ela estava tendo um aneurisma. Na semana seguinte, no aniversário da minha irmã, minha mãe deu entrada na UTI de um hospital público e na sexta-feira seguinte, sexta-feira de carnaval, ela nos deixou. Esse foi o primeiro grande baque. Nesse ínterim, eu estava em processo de reunir a documentação para levar para a emissora que me contratava por aqueles dias. Ou seja, me dividia entre exames admissionais, testes psicológicos e as horas no hospital com ela.

Não tive carnaval. Foi a primeira festa que perdeu o brilho para mim. Na minha cabeça, eu estar namorando uma pessoa que se parecia comigo tornava tudo mais brando. Ela me fazia sentir segura, amparada, completa.

Não demorou e logo eu tomaria uma segunda porrada, a qual me tiraria para além do fôlego.

Um mês e pouco depois, às vésperas da Páscoa, minha namorada simplesmente teve a cabeça virada e me escorraçou da vida dela. Terminou comigo me dizendo coisas horríveis, palavras que me feriram de morte. Eu não imaginei, em momento algum, que aquela pessoa que havia se tornado tão importante na minha vida, que - mal tendo chegado – foi um suporte emocional muito importante naquele momento de dor intensa, em que a gente se sente sem rumo, sem chão, sem ar, se tornaria tão fria, egoísta e insensível.

Sem motivo algum, pois a gente estava muito bem, vivendo o início de um namoro maduro, ela resolveu terminar comigo. Essa segunda porrada me causou uma dor tão profunda que meu único pensamento era me matar. Doía na carne. Eu chorava todos os dias: em casa, no trabalho, no ônibus. O desespero tomou conta de mim por longos dias e noites.

Quando o pior pensamento anuviou minha mente, eu consegui ter um lapso de sanidade e liguei para a minha terapeuta. Prontamente ela veio em meu socorro e iniciamos uma extensa jornada em busca de mim mesma dentro do meu interior. Essas dores, que ainda hoje insistem em se misturar, começaram, então, o processo de cicatrização.

Não sou de procurar por ninguém, principalmente quando sei que não sou bem quista. E bem assim procedi. Lembro que no dia da nossa última conversa, eu a alertei que um dia ela ia se arrepender de ter me tratado daquele jeito. Respeitei o tempo e o espaço dela.

Obviamente, como é do meu padrão, a excluí e bloqueei de todas as redes sociais. Mas, como “a vida é uma caixinha de surpresas” e “o que os olhos não veem, facebook mostra”, eis que ao abrir meu perfil no face meses depois, chega uma das sugestões de amizade para mim. O bichinho da curiosidade cutucou forte e não resisti. Abri o perfil da criatura e vi o real motivo da separação: ela resolveu voltar para a ex, mulher que a maltratou durante 6 anos (palavras dela). Confesso que não fiquei tão absurdamente chocada, pois, lá no fundo, eu sabia da verdade. Minha única reação: respirei fundo.

Nessa brincadeira, passou-se quase um ano até que no dia do meu aniversário fui surpreendida com a mensagem abaixo (transcrita como a recebi):

Ontem procurei palavras para te falar tudo o que tenho sentido ultimamente, foram inúmeras palavras que surgiam pela cabeça, coração e escorria entre os dedos, foram inúmeras as vezes em que digitei e apaguei, sempre revezando entre a saudade, o arrependimento, o amor e a prisão de não poder falar com vc, não esqueci seu aniversário, melhor dizendo não te esqueci em momento algum, eu errei com você, eu errei sim, não te trai, eu decidi fugir, me vi presa a algo que fazia parte do meu passado, me assustei em alguns momentos com coisas que um dia te direi, eu tive medo, e no momento mais fraco recebi uma ligação que sim foi inesperada a qual bateu em cima da minha ferida e me pegou pela fraqueza, me arrependi desde o momento em que te falei q n queria mais, eu disse não mas eu não queria dizer não, eu queria você, você era a pessoa certa, me trouxe a paz desde que toquei seu dedinho sentada no banco daquela orla... Eu nunca te esqueci, estou aqui levando tudo com a barriga, não sei até quando, dói só de lembrar de tudo, eu fico impaciente, eu me estresso muito fácil, eu carrego comigo o peso do arrependimento, mas não posso fazer nada, não no momento, vivo refém da comodidade, espero que um dia eu possa desabafar o que sinto com você, queria poder comemorar cada segundo do dia de ontem com você, ano passado estava sem dinheiro, sem trabalho, não pude fazer muito, mas o que fiz foi com o coração, tudo que passamos foi verdade, nada foi mentira, eu te amei, e não te esqueci.

Você tem o melhor beijo, a melhor cama foi a nossa,você me entende eu te entendo, eu amo seu corpo, seu papo, sua companhia, sua comida, seus carinhos... até hoje uso alfazema e aquele desodorante rexona cotton dry, só pra lembrar do seu cheirinho, é difícil parar e pensar q abri mão de um amor, voltei por que minha cachorra tava morrendo sem mim, achei que era o certo a fazer, MAS NÃO ERA, NÃO FOI, eu não sinto mais nada por Taís, somos apenas amigas ou sei la, nem ciumes consigo sentir, tenho sido fria, não sinto nada...Talvez nada do que diga faça sentido, estou agora trancada do banheiro  digitando pra você, acredite eu não procurei ninguem, eu estava feliz e completa, e derepente algo aconteceu, hoje eu lembro que você me falou que ainda não havia acabado, que tinha algo pendente...eu não entendo, mas  tenho pedido a Deus pra cuidar de mim e de você e me ajudar, me livrar das ciladas.

As vezes fecho meus olhos e imagino você me mandando um reiki...

Chamego meu me perdoa por tudo que te causei,espero que esteja bem, serei pra sempre seu dengo! <br>

Feliz Aniversário eu nunca vou te esquecer

Espero que um dia eu possa te ter novamente, espero que um dia eu saia daqui dessa casa denovo... enquanto isso estou tentando dar uma volta da minha vida, e eu vou conseguir eu creio nisso!

Admito que ao ler esse texto, enviado por uma amiga em comum, fui às lágrimas. Como não sou mulher de mandar recado, pedi a nossa amiga que marcasse um encontro com ela. Dei as coordenadas todas de quando e onde ela poderia me encontrar. Uma pequena chama se acendeu quando ela disse que iria me encontrar.

Depois, com calma, reli essa mensagem várias vezes e comecei a entender que esse conteúdo mais parece um pedido de socorro do que uma mensagem de felicitações. Um desabafo, sei lá.

Nessa brincadeira, já se passou quase um mês e nada de ela aparecer ou dar notícias. Acabei comprando um novo chip de telefone e mandei mensagem resumindo superficialmente parte das coisas que eu pretendia dizer olho no olho. Dispensa dizer que esse número também foi bloqueado, como ela fez com todos os outros meus.

Infelizmente, acabei perdendo a mensagem que mandei diretamente para ela, à qual só tive como resposta “agora não posso falar com vc...não se preocupe, iremos conversar...fique com Deus”. Desde então, nem um sinal de nada. Até o blog ela parou de ler.

Quero deixar bem claro que não pedi esse encontro com o objetivo de pedir uma volta. Até porquê eu não tirei ninguém da minha vida. Simplesmente acredito que certas conversas não podem se dar pela frieza de um telefone, principalmente por mensagens de texto.

Diante do “pedido de ajuda” do que seria minhas felicitações, me propus a estender a mão a ela. Sei que sair de um relacionamento abusivo é complicado. São inúmeras ameaças, formas de controle e agressões, que podem chegar às “vias de fato”. Eu já passei por isso.
Porém, essa completa ausência só contribuiu para aumentar ainda mais o sentimento decepção. Fica complicado acreditar nas palavras desesperadas de alguém que simplesmente depois não dá a mínima para você. Ela só não pode, depois, reclamar da reciprocidade que conquistou em mim: a minha ausência total e absoluta.

A reflexão que trago com essa história toda é que aprendamos a ter responsabilidade emocional. Não apenas para com o outro, mas – e principalmente – conosco mesmas.

Responsabilidade emocional está em saber como entrar na vida de uma pessoa. Não fazer promessas vãs, que você sabe que não pretende cumprir. Afastar-se de pessoas e expurgar os fantasmas do seu passado, se o que pretende é firmar um relacionamento saudável com essa nova pessoa.

É não fazer do sentimento do outro um parque de diversões. Nem todo mundo consegue lidar com uma montanha-russa emocional. É se fazer presente. Sempre. E não apenas dar presentes. É cumprir com a palavra dada como se sua vida dependesse daquele momento.

É ter empatia nível máximo com a pessoa com quem você lida. Dizer que vai aparecer e aparecer, dizer que vai fazer algo e realiza-lo. Sem medos, sem covardia, sem armas desnecessárias. É ter coragem suficiente para mudar de atitudes e não apenas soltar pedidos de desculpas ou lágrimas de perdão.

Também está em não aceitar que o outro concretize suas más intenções conosco. Ou seja, ao menor sinal de um relacionamento abusivo, por exemplo, não permitir que a companheira/namorada/esposa/ficante nos afaste de amigos, parentes, empregos e de nós mesmas.

Precisamos aprender a jamais nos perdermos de nós mesmas. E não é difícil de fazer. Um passo importante está em se perdoar em primeiro lugar. Entender que a culpa não é sua, pois cada escolha gera um resultado. E é isso o que baliza a vida: resultados. Como diz o ditado: “o plantio é opcional, mas a colheita é obrigatória”. Sabendo disso, atentar para os detalhes do que acontece ao nosso redor.

Apesar de tudo o que passei, não nutro por ela qualquer sentimento negativo como ódio ou rancor. No momento, apenas lamento – de certa forma – os acontecimentos. Principalmente os últimos. Ou melhor, os “não acontecimentos”.

Claro que ela continua sendo julgada pelos meus amigos. Eu apenas respeito a opinião deles. Afinal, ninguém pode gostar tão gratuitamente de alguém que feriu de morte uma pessoa que a gente ama.

Sei que carrego em mim um sentimento puro e verdadeiro, que espera encontrar um coração onde possa se aportar em segurança. Não determino prazo, nem validade. Simplesmente sigo minha vida, realizando minhas terapias internas a fim de sanar em mim mesma as feridas que a vida me trouxe, soldando-as com o calor do amor próprio. Sei também que, tão logo eu esteja repleta desse sentimento incondicional, o terreno estará livre e liberto para um novo amor.

Só rogo a Deus que a proteja de si mesma e que me ampare para que esse processo não dure por muito tempo.

Os julgamentos, avaliações ou seja lá como queiram chamar, eu deixo em aberto. Exercitem o livre arbítrio, mas com moderação.