Dualidade

Por que você continua
onde não quer ficar?
Por que segue em frente
se não quer mais ornar?
Por que ainda se prende
se os grilhões continuam ardentes?
Por que ainda se questiona
se para tudo uma resposta soma?
Você vive em dualidade
por medo de atravessar a cidade.
Dilacera o seu peito
fingindo saber a verdade.
Você cresceu, mas só os cabelos esbranqueceu
Nota-se que está perdida dentro do seu próprio EU.
Romper a placenta
que te envolve bolorenta
requer esforço demasiado
Por isso, você nem tenta.
Crescer dói. Amadurecer dói.
O novo ser só chega se tudo destrói.
A sua covardia não permite.
Apenas ordena: se limite!
E, assim, nessa falsa fantasia
você apenas finge que vive.
Ai, que agonia!