Mar de incertezas

Sou um belo e grande navio

Vagando em águas turvas

Sem rumo, fora de prumo

Num mar de incertezas

 

São águas bravias

Que não conhecem calmaria

Mas afiam a pontaria

Para afogar-me algum dia

 

Nesse mar de incertezas

Vou perdendo a minha pureza

De acreditar em tudo com clareza

E apreciar a vida com destreza

 

Aguardo o rompimento deste navio

Olhando para o oceano

Em que me banho em tanto desengano

Esquecendo se ainda sei nadar ou se me engano

 

Não passo por imaginação ou fantasia

Nem sonho ruim ou pesadelo

A vida tem me dado sua face mais sombria

E até meu salva-vidas é um desmantelo

 

Por vezes, meus ouvidos buscam o encanto

E da sereia querem ouvir o som do canto

Para flutuar entorpecida

Buscando aplainar a ferida

 

Preciso logo de um porto seguro

Pois sei que desse modo navegando

Como se girasse sem fim num quarto escuro

Infelizmente, muito eu não duro.