Não estamos preparados para o luto


Vou falar uma coisa pra vocês que pode parecer insensível:

 

Não estamos preparados para ver alguém partir.

 

Esta é uma verdade inconveniente e muito dura, mas com a qual temos que conviver constantemente.

 

Mesmo vivendo num momento ímpar, em que uma pandemia terrível assola o mundo, e que a qualquer momento a notícia ou mesmo a vivência da perda de alguém próximo pode bater à nossa porta, não estamos preparados. Talvez nunca estaremos.

 

Não somos ensinados por nenhuma vertente (religiosa, educativa, social) a como lidar com a passagem daqueles que amamos, em maior ou menor grau. Não somos ensinados ao desapego, ao entendimento de que nossa vida não é estável e que é apenas uma experiência, uma passagem, que tem por objetivo aprendizado e cumprimento de missões.

 

Não somos preparados para o luto. Seja do corpo físico, seja de um sentimento, um negócio ou um relacionamento. Pelo contrário. Aprendemos que toda a materialidade tem valor absurdo e que não podemos viver sem nada material, a começar pelo corpo físico carnal.

 

Experienciar a morte – partida, desencarne, sono eterno ou como queira chamar – é algo que nos traz muito incômodo e uma dor incomensurável. Perder alguém que gostamos, principalmente quando consideramos ter sido de forma injusta, e as razões são muitas (porque era uma pessoa maravilhosa, jovem demais ou que tenha qualquer característica positiva), causa uma sensação absurda, uma vontade louca de trocar de lugar com aquela pessoa.

 

É injusto que alguém jovem, no auge da vida, seja tirada do nosso convívio, enquanto consideramos que tantas pessoas más continuam tendo o direito de respirar e viver em tranquilidade, como se fossem imunes a quaisquer penalidades.

 

Sim. Parece que a retirada desta pessoa do nosso ciclo é uma punição dolorida demais para suportar. É difícil acordar tantos dias carregando essa dor que rasga a carne quase literalmente. É um exercício de superação diário.

 

Em contrapartida, sabemos que morrer faz parte do jogo da vida. Mas, não conseguimos aceitar quando chegamos nessa fase. Entender e aceitar que a vida termina não é para todos. Mesmo quando somos nós que desencarnamos, podemos partir ainda apegados ao que acostumamos a ter e sentir enquanto encarnados e isso traz muito sofrimento do outro lado.

 

Então, eu deixo um conselho. Viva o seu luto. Não estanque a sua dor por pressão. Deixe-a fluir até que chegue o tempo de cessar e nova vida acontecer para você.

 

Dizem que ninguém é insubstituível. Discordo profundamente. Aqueles que amamos jamais serão substituídos em nossos corações. E, a melhor forma de demonstrar esse amor por quem teve que partir deste mundo insano é emanando as orações mais bonitas que seu coração pode compor.

 

Não se preocupe em compor discurso erudito ou gramaticalmente correto. Simplesmente deixe o amor tomar conta de sua mente e do seu coração. Assim, o conteúdo será bem redigido e a entrega ao remetente é imediata.

 

Aproveite, também, para viver a plenitude da sua existência neste plano e evite deixar qualquer coisa para a ocasião ideal. Ela pode nunca acontecer.

 

 

Comentários

  1. Nos ciclos vívidos do existir, o desprendimento do que é carnal só é mais um de seus halos.
    Nós devemos discernir que a morte não é um fim e por isso não me calo.

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  2. Por isso, aproveitem o dia. Ame mais, Abrace mais. Pois nunca sabemos quanto tempo temos. Homenageie alguém enquanto há vida

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