Um anjinho encantador

Fugindo da rotina típica de qualquer capital, resolvi aceitar o convite de uma amiga que mora na região agreste do estado, para curtir uma festa local. São Miguel do Aleixo é uma cidadezinha bastante peculiar, localizada numa região serrana, o que lhe confere um clima razoavelmente agradável, para quem sabe lidar com mudanças intensas de temperatura. Porém, talvez por já estarmos na primavera tanto o calor do dia quanto o frio da noite eram amenos.
Ocorre que nesta viagem, acabei encantada por uma personagem que tinha tudo para ser uma mera coadjuvante, mas que roubou a cena com absoluta maestria. Do alto dos seus 4 anos de idade, a pequena Mariellen encanta pelo simples fato de existir. É uma criança adorável, carinhosa e de uma inteligência marcante, um verdadeiro anjinho.
Eu gosto de crianças, principalmente como ela: falam de tudo e surpreendem com raciocínios lógicos dignos de deixar qualquer cientista complexado. Criança de riso fácil, ela prende o espectador sem muito esforço.
Confesso que poucas vezes na vida conheci crianças tão pequenas com as mesmas destrezas dela. Um ouvido sensível à música e sons do ambiente, muito sistemática com suas coisinhas, uma incrível rapidez de cálculo e raciocínio lógico. Acredite se quiser, esta pequena gênia tem a habilidade de criar narrativas completamente coerentes e coesas em questão de segundos. E tudo feito tendo apenas a oralidade como canal principal – lembremos que ela tem apenas 4 anos de idade e, apesar de já conhecer algumas letras, não domina ainda as ferramentas da escrita.
Ouvir esta criança elaborar enredos para contar histórias, utilizando de pequenas metáforas me deixou sem chão. Fiquei impressionada como ela encadeava os personagens – que comumente eram muitos –  sem perder o foco da essência da historinha. Muitos jornalistas, advogados e pretensos universitários não conseguem esta proeza, mesmo estudando por longo tempo técnicas de vários tipos de redação.
Como “quem sai aos seus não degenera”, assim diz o ditado, esse talento já era de se esperar. Afinal, a minha amiga é terapeuta renascedora e utiliza como ferramenta de trabalho a produção de metáforas no seu dia a dia.
Além disso, a pequena tem um senso de responsabilidade fantástico. A levamos a um parquinho montado na praça de eventos e a todo instante ela se aproximava para perguntar “Já acabou o meu tempo, mamãe?”. Muitas que conheço nesta idade fazem verdadeiros escândalos quando precisam sair dos brinquedos.
Apertei meu coração ao ter que voltar para casa de manhã bem cedo e ela ainda estar dormindo. Tive pena de mexer naquele serzinho que dormia exalando a sua verdadeira essência angelical. Espero vê-la novamente muito em breve e renovar em mim o sentido da palavra “amor” que só as crianças são capazes de transmitir.





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