Sim, eu fui ao inferno

Sim, eu fui ao inferno
e tantas vezes que já quase
me compreendo parte daquele lugar.

Tanta dor e sofrimento dentro
de um peito que não merecia
profundo tormento.

Procurei, mas não havia alento,
nem brisa, tufão ou vento,
nada veio aliviar a agonia.

Não pensei que essa passagem
seria o tão alto preço
pago por um sentimento nobre.

Sim, eu fui ao inferno.
Lá, enfrentei o calor típico do local,
e de meus olhos lágrimas secavam.

Naquele lugar inóspito, insalubre
pude ver o valor do lúgubre,
que em mim insiste em permanecer.

Foi no inferno, consolada pelo capeta,
que pude ver como sou uma mulher porreta
e que não posso me ofertar a qualquer silhueta.

Ah, inferno! Essencial sua existência,
pois, é onde vejo haver o equilíbrio
quando me sinto desabar num abismo.

Agora, como estação primordial
ao me coração, ofereço apenas
o frio gelado do inverno.

Somente secas folhas e espinhos
comporão este solitário ninho
até que tudo saia do desalinho.

Aprendi da vida mais esta lição:
me porei em constante alerta
para detectar o menor sinal de decepção.





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